- O desespero e as vidas passadas.
Emanuel tornara-se um menino triste e amargurado, apenas com o pensamento de um dia reencontrar o caminho da felicidade. Do outro lado dos Oceanos, Beatriz quase não tinha vida própria, obrigada que era a presença na roda da alta sociedade. Nunca se adaptara, nunca se rendera aos encantos de uma das mais belas cidades. Seu tio era administrador de uma das maiores multinacionais do mundo, com sede em Paris e a maior filial aqui em Lisboa, e ao seu lado encontravam-se sempre ilustres ministros, milionários, pessoas de alto gabarito.
Paul e Marie desesperavam. Além da falta de adaptação, Beatriz não esquecera Emanuel e era vista como uma selvagem, sem educação e postura.
- A minha vida, tal como é, mais parece uma história sem começo nem fim.
- Porque dizes isso, Beatriz? Será que não entendes que magoas o teu tio? Ele adora-te.
- Será que não entendem que jamais imaginarei a viver longe da minha ilha? É lá que eu pertenço.
- O tempo tudo apaga e mais tarde verás que o teu tio e eu apenas queremos o melhor para ti.
- Faz tanto tempo!!! Quantos anos já passaram? E no entanto eu continuo a ser a mesma menina que saiu daquele paraíso.
- Que disparate, Beatriz. Dá uma oportunidade a ti, mesma, de voltares a seres feliz.
- Somente a minha vida envelhece, pois eu continuarei a ser aquela criança que vivia onde os séculos eram minutos e onde mil vidas de felicidade se tornavam numa única vida de prazer.
A dor de Beatriz evoluía a olhos vistos para uma depressão, com sintomas cada vez mais significativos, dormir era raro e cada vez comia menos, vivia de humor rebaixado, triste, angustiada e com um vazio dentro de si, longe de Emanuel, sentindo-se incompreendida e rejeitada por tudo e todos....
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