- Separados pelo destino mas unidos para sempre
Descalços, com os pés quentes da areia escaldante, entre as águas no topo de uma falésia, em frente o mar, atrás uma lagoa, com cabelos ao vento, a separação tornara-se o maior pesadelo de suas vidas.
Tudo parecia e era perfeito, na frente o mar, golfinhos, tartarugas, coqueiros e falésias coloridas, atrás a lagoa onde as águas se encontravam mais à frente.
Eles sabiam agora que iram ser separados pelo destino e ao longe avistavam aquele que seria o barco que a iria levar.
Beatriz, era esse o seu nome, uma menina de olhos verdes, com pouco mais de seis anos, azarada pela morte dos seus pais, iria agora viver na Europa, ao lado de seus tios.
Paul e Marie, aproximavam-se lentamente, nunca sequer tinham colocado os olhos nela.
- Ainda não sei bem o que vos trouxe aqui - afirmava a pequena Beatriz.
- Somos teus tios e é junto da família que deves estar a partir deste momento, minha querida. Eu sou a tia Marie e este é o teu tio Paul.
- Minha vida está em completa desordem, neste instante, apenas quero ficar ao lado de Emanuel. Nunca o esquecerei e irei voltar para junto dele.
Ela invocara a Força Divina, as ondas do mar, os raios do Sol, mas nada nem ninguém a ouve, parecia sina, estaria escrito no destino a separação deles.
Emanuel, também ele com seis anos, queimado tal como ela do Sol, olhos chorões e aguados da tristeza de a ver partir, da sua boca apenas sairia a promessa de jamais a esquecer e um dia estar ao seu lado.
- Beatriz, existe entre nós um laço eterno que jamais irão destruir, o destino tem os seus caprichos, mas eu irei encontrar-te, jamais irei esquecer-te - afirmava Emanuel.
A partida torna-se inevitável e ao longe ele vê o barco à vela de três mastros, de convés chato cada vez mais a afastar-se, sumindo-se no azul do mar, tornando-se cada vez mais invisível.
Após mais de um dia no mar, de coração inquieto, diria mesmo melancólico, Beatriz vê finalmente a terra. Pela primeira vez saíra do paraíso da sua ilha e olhava agora para um mundo totalmente desconhecido. Colocava os seus lindos e amargurados olhos em janelas umas por cima das outras, nunca tinha visto tal coisa, sim, sem dúvida, pela primeira vez na sua ainda curta vida via um prédio. Pelo meio encontrava objectos andantes, nada mais, nada menos do que automóveis. Descobria aos poucos que existia um mundo totalmente diferente daquele a que estava habituada, mas não seria ainda este o local onde iria ficar.
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